quinta-feira, 31 de março de 2016

Breve análise das prévias republicanas

Após fazer uma breve análise dos candidatos do partido democrata, hoje vou abordar as prévias para presidência dos Estados Unidos da América (EUA) pelo partido republicano. A série que começou com a explanação de como funciona o processo eleitoral para presidente dos EUA e está passando pelos candidatos nas prévias, vai ser concluída após a decisão final, com o anúncio do novo presidente da maior (para mim e para outros, a única) potência.

Três candidatos permanecem na disputa das prévias: John Kasich, governador de Ohio; Ted Cruz, senador pelo estado do Texas; e Donald Trump, empresário e personalidade da TV. Portanto, primeiramente, vou começar citando de forma simplória e cronológica os candidatos republicanos mais significativos que já deixaram a disputa. São eles:
  • Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, deixou a disputa em 01 de Fevereiro de 2016;
  • Rand Paul, senador em exercício pelo estado de Kentucky, deixou a disputa em 03 de Fevereiro de 2016;
  • Carly Fiorina, empresária e ex-CEO da Hewlett-Packard (HP), deixou a disputa em 10 de Fevereiro de 2016;
  • Jeb Bush, ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente George W. Bush, deixou a disputa em 20 de Fevereiro de 2016;
  • Ben Carson, físico, deixou a disputa em 04 de Março de 2016;
  • Marco Rubio, senador pelo estado da Flórida, deixou a disputa em 15 de Março de 2016.

John Kasich é: contra o aborto (exceto em casos de estupro, incesto e risco de vida para a mãe); é a favor de armas para defesa de propriedade e de família (mas crê que deveria haver maior fiscalização e que nem todas as armas deveriam ser passíveis de serem adquiridas, como uma AR-15); pensa que o corte de taxas para corporações e indivíduos e disciplina fiscal ajudariam no crescimento econômico; é contra o programa de saúde “Obamacare”, dizendo possuir seu próprio programa, já está sendo executado em Ohio; não é a favor da deportação dos imigrantes, mas da legalização, de pagamento de taxas por estes e do controle na entrada e saída; acredita no casamento tradicional, mas não é contra homossexuais.

Ted Cruz é: a favor da vida, ou seja, contra o aborto; é contra leis rigorosas pela proibição de armas, sendo então a favor do direito de defesa; é a favor da implantação de uma taxação variada de acordo com algumas situações (disponível em tedcruz.org); é contra o sistema de saúde “Obamacare” (pensa que este gerou um aumento nos preços dos planos de saúde); é a favor do endurecimento das regras para imigrantes e contra a anistia dada por Barack Obama, além de ser a favor de reforçar as fronteiras do país; é a favor da “família tradicional”, segundo ele, o casamento entre um homem e uma mulher.

Donald Trump é: contra o aborto (exceto em casos de estupro, incesto e risco de vida para a mãe); contra o controle de armas, sendo a favor do direito de defesa; contra o programa de saúde “Obamacare”, afirmando que vai cuidar de todos através de acordos com hospitais; a favor da redução de impostos para a classe média e para os que estão ganhando muito dinheiro, o que seria uma forma de incentivá-los; é muito polêmico na questão migratória, ao dizer que os imigrantes levam crime, droga, estupro, além da afirmação surreal de criação de um muro entre EUA e México (e que seria pago forçadamente pelo México); discriminatório na questão LGBT, sendo contra a igualdade.

Não vou fugir do propósito do blog que é expor minha opinião. Pelo lado republicano, minha preferência é por John Kasich. Pelo lado democrata, fico com Bernie Sanders. Entretanto, acredito que teremos Donald Trump e Hillary Clinton, respectivamente, como candidatos de cada partido.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Breve análise das prévias democratas

Depois da explicação sobre o processo para escolha dos candidatos de cada partido e, posteriormente, para a eleição do presidente estadunidense (certamente um processo bastante confuso para nós, brasileiros), chegamos agora ao ponto de fazer uma breve análise dos candidatos das prévias. Para a postagem não ficar muito grande, separarei em duas: breve análise dos candidatos à presidência pelo partido democrata e breve análise dos candidatos à presidência pelo partido republicano.

Pelo lado do partido democrata, a disputa é mais direta, são dois candidatos: de um lado a ex-esposa e ex-secretária de Estado dos EUA (no período de 2009 a 2013, durante governo Barack Obama), Hillary Clinton; e de outro, Bernie Sanders, ex-prefeito de Burlington e ex-Senador (grato por um leitor que me retificou, ele ainda é Senador) dos EUA por Vermont. O partido democrata não é propriamente um partido socialista, mas pode ser considerado como mais a esquerda, principalmente, se em comparação ao partido republicano.

Bernie Sanders, ou apenas Bernie (como ele gosta de ser chamado), se auto-proclama um socialista e possui ideias bem delineadas. Ele é a favor: do ensino superior gratuito; do sistema nacional de saúde (financiado pelo governo federal); da taxação dos ricos para financiar os projetos do governo; da liberdade de escolha acerca de ter ou não armas (desde que haja uma checagem de antecedentes); do aumento do salário mínimo por hora trabalhada; de um forte investimento em infraestrutura, contribuindo com a criação de empregos; da diplomacia como primeira ação na política externa; dentre outras propostas interessantes.

Hillary Clinton lutou pela expansão do acesso ao sistema de saúde desde quando ainda era primeira dama, no governo de Bill Clinton, e ainda permanece nessa luta; apoia o controle rígido de armas, mas não sua proibição; crê numa reforma na imigração, mas de maneira “compreensiva”; forte investimento em infraestrutura, visando fortalecer a economia e levando acesso a Internet de banda larga para todos os estadunidenses e mais; igualdade para o grupo LGBT; combate ao Estado Islâmico (ISIS) e ao terrorismo global, além de um reforço e uma ampliação das relações com outros países; dentre outras propostas.


Pelo lado democrata, portanto, podemos ver uma linha de raciocínio não muito distante uma da outra, e um alinhamento mais a esquerda, como já citado. Até o momento, a candidata Hillary Clinton vem ganhando com folga as prévias, que ainda vão até junho deste ano, mas ainda há esperança para Bernie Sanders.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O confuso processo presidencial dos EUA

Estamos em ano de disputa eleitoral para presidente dos Estados Unidos (EUA) e vemos notícias o tempo todo falando de vitórias de uns e outros candidatos em determinados estados. Mas para estarmos mais antenados com o que acontece na agitada disputa presidencial, precisamos entender como funciona o confuso processo para escolher o próximo presidente da única potência mundial.

Como os EUA são uma federação, os estados têm direito a organizar o processo de votação como eleições primárias (também chamado de prévias) ou “caucus” (não há tradução para o português). Independente do tipo de votação, esta é só a primeira fase das eleições, isto é, aqui ainda está sendo escolhido o candidato que vai representar o partido na eleição presidencial.

As eleições primárias são formatadas como uma eleição convencional (para nós, brasileiros). O único fato curioso é que, em alguns estados, a eleição é chamada de primárias fechadas, isto é, apenas os eleitores filiados a algum partido podem participar. Consequentemente, primárias abertas são o modelo no qual qualquer cidadão pode votar.

O outro processo é o chamado “caucus” (também pode ser aberto ou fechado), onde os eleitores votam em delegados, que, posteriormente, na convenção nacional do partido votarão em um dos candidatos. O detalhe é que o delegado não é obrigado a seguir o candidato do eleitorado, mas, geralmente, seguem sim. Este formato não é, então, um voto direto para os eleitores. E outra observação curiosa é que os votos dos eleitores nos delegados ocorrem num tipo de assembleia, onde ocorre conversa entre os eleitores, de forma que pode ser que um convença o outro a votar em determinado candidato, em detrimento de outro.

Agora sim chegamos à segunda fase, onde será eleito o presidente dos EUA. Novamente, é de forma indireta para o eleitor. No dia das eleições, o eleitorado vota em representantes que votam no seu candidato. Representantes escolhidos, é formado um colégio eleitoral, onde cada representante (cada estado tem sua cota de representantes baseado no tamanho da população) vota no seu candidato a presidente. São 538 representantes nesse ano de 2016, sendo que é necessário ter a metade mais um para se eleger, ou seja, 270 votos. Porém, há mais um detalhe: a maioria dos estados funciona no sistema “the winner takes it all”, quer dizer, se um estado com 20 representantes tiver 12 votos para o candidato A e 8 para o B, o candidato A recebe a totalidade dos votos do estado (20). Então, pode ocorrer de um candidato ter mais votos de representantes, mas perder por conta desse sistema.


Em caso de não obtenção dos 270 votos por nenhum candidato, a decisão vai para a Câmara dos Deputados, cada estado tendo direito a apenas um voto.

Confuso, né?